Com um golpe de mestre Pedro Passos Coelho passou uma esponja sobre o "borrão" Nobre e vinte e quatro horas depois já ninguém se lembra.
Quando já se perfilavam os barões e baronetes do costume, tal abutres a sobrevoar a presa, duma só cajadada matou três coelhos. Resolveu o problema da presidência do parlamento, fazendo esquecer o dia anterior, conseguiu um enorme consenso, continuando a apostar na juventude num lugar tradicionalmente ocupado por seniores e começou a dar às mulheres o protagonismo que desde sempre mereceram.
De surpresa em surpresa começa a desenhar-se uma imagem e uma forma de atuação que fazem lembrar o estadista que no inicio da década de 80 governou Portugal por nove meses, e se os delatores o acusam de hipocrisia quando, como hoje, mandou passar os bilhetes para Bruxelas de executiva para económica, é porque já esqueceram que estas atitudes não são sequer pensadas para fazer este ou aquele efeito, saem naturalmente a quem tem da vida e da forma de estar um sentido de justiça e de integridade moral, infelizmente pouco habituais nos políticos portugueses.
Esta forma simples de se relacionar com as pessoas e também com os apoiantes no partido foi bem visível na ultima campanha eleitoral e andava arredia do PSD há muitos anos. E ninguém lhe bateu nem ninguém lhe passou por cima como pareciam ter medo os anteriores lideres, assim como ninguém o vai insultar nem atirar com ovos no avião da TAP quando daqui a alguns meses tiver que tomar medidas menos simpáticas. Os lideres com esta postura, por estranho que possa parecer, conquistam das pessoas um respeito que os narizes empinados nunca conseguem ganhar.