quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Reforma Administrativa


Reduzir ou cortar no poder local será uma forma de agir que, não só será difícil de explicar como, porque não implicará reforma de mentalidades, resultará na deterioração dos serviços a prestar aos cidadãos.
Sempre que o poder político se tem metido nas chamadas reformas tem pensado primeiro no seu umbigo, isto é, tem pensado na opinião dos barões, dos caciques e de outros lobbies, que sempre que se fala em tocar nos seus sagrados interesses se apressam a correr para a comunicação social anunciando o holocausto.
Tem-se esquecido os políticos que quem vota é a maioria silenciosa dos cidadãos e não os barulhentos barões ou caciques, que a iliteracia política da maioria dos portugueses é facto de há 30 anos atrás, pois à evolução colossal das tecnologias da comunicação correspondeu uma consciencialização e formação da opinião dos portugueses, tirando força a caciques e outros lobbies de interesses. Essa é uma das razões porque continuam a fazer tanto barulho.
Qualquer reforma só resultará se pensar primeiro nas pessoas. Independente de regionalismos ou clubismos doentios, que são sempre mais publicidade enganosa de quem se consegue fazer ouvir, que o sentir genuíno da maioria, se os cidadãos sentirem que se lhes passou a prestar um melhor serviço, e que as reformas, devidamente explicadas, lhes facilitam a vida, não só aceitarão, como recompensarão com a sua confiança quem tiver a coragem de as levar à prática.
Só quem anda distraído ou defende outros interesses que não os das populações, ainda não viu que o papel das juntas de freguesia no quotidiano das pessoas é de tal forma irrisório que não justifica de forma nenhuma o investimento. A maioria das juntas limita-se ao trabalho administrativo de licenciar os canídeos e passar atestados de pseudo pobreza ou residência e as outras prestam serviços da competência do município ou de instituições de solidariedade social, para o que as juntas de freguesia, não têm, nem devem ter vocação. Nem o papel de representação democrática das populações é correctamente exercido, uma vez que a maioria dos presidentes de junta obedece à disciplina partidária no grupo da Assembleia Municipal e quando oposição à Câmara a sua voz tem menos efeito que o sermão de Santo António aos peixes.
Tem a grande maioria das juntas de freguesia, para alem de sede própria pelo menos um funcionário administrativo e pelo menos um computador com ligação à internet. Assim, sem grande investimento financeiro, a substituição das juntas de freguesias por um organismo de apoio às populações, dependente do município, criado dentro do conceito das lojas do cidadão, onde, para alem de funcionar como extensão da secretaria municipal, através de protocolos com os CTT, a EDP, a PT e outras empresas prestadores de serviços públicos, seriam prestados serviços que hoje representam para a maioria dos portugueses, sobretudo os das zonas rurais e interiores, um foco de dificuldades e perda de tempo, e representaria para as mesmas populações um valor acrescentado, relativamente aos serviços hoje disponibilizados pelas juntas de freguesia.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Anjinhos!

Depois das férias começa a gritaria, o Governo começa a mexer e pelos vistos as férias não foram suficientes para os nossos ministros pararem para reflectir e começarem a corrigir alguns erros.

É certo que existe um calendário apertado, e tal como vaticinou o anterior ministro das finanças este governo não teve sequer tempo para se sentar, mas mesmo assim acho que podiam ter feito melhor.

É politicamente errado anunciar subidas de impostos todas as semanas. Só um anjinho o faz e começa-se a notar que politicamente falando alguns ministros só lhe faltam as asinhas!

Tem faltado explicações e justificações para a maioria das decisões, e a promessa de não se justificar com os erros do passado não pode ser levada ao fundamentalismo, pois isso é branquear o que em muitos casos não deve ser branqueado. Mais explicações precisam-se sobre as facturas não contabilizadas no Instituto do Desporto, isto para só dar um exemplo.

Prometeu-se que a correcção das contas publicas ia ser feita à custa de 1/3 de receita e 2/3 do lado da despesa. Já conhecemos donde vai vir a receita, quanto aos cortes na despesa só temos generalidades e meia dúzia de conferencias de imprensa a protelar para mais tarde a especificação desses cortes. 

E quando se começa a anunciar, como foi o caso da saúde diz-se que se fazem transplantes de mais em Portugal, esquecendo que 10 anos de hemodiálise são incomparavelmente mais caros que o transplante de um rim, mesmo com todos os incentivos que se têm dado aos hospitais e às equipas de saúde. Que se fazem TAC's e análises a mais! Pergunto, será que se fazem exames auxiliares de diagnóstico a mais, ou debitam-se a mais? Em Coimbra correm "à boca pequena" estórias do carniceiro que entregava um camião de carne e debitava 3, de material cirúrgico debitado 1.000%  acima do preço de mercado e o certo é que pelo menos um pequeno fornecedor local apresenta sinais exteriores de riqueza acima do normal. Pela amostra podemos imaginar os grandes! Quem já não foi ao hospital e viu deitar para o lixo sacos de compressas esterilizadas novas? Não se pede que aproveitem as compressas, com a saúde não se brinca; mas não deveria existir mais que um tamanho de embalagens de compressas? E espanto dos espantos sobre um maior controlo das contas dos hospitais e novas formas de abastecimento não ouvimos uma palavra do Dr. Paulo Macedo. Até parece que a culpa é dos doentes e acusar os médicos nos hospitais de despesistas acho que não será a melhor forma de resolver o problema. Crie mas é uma central de compras para os produtos de maior consumo, compre para todo o país, através de concursos internacionais transparentes e verá quanto poupa. E isso sim é poupança sem diminuir a qualidade do serviço.

Aumentaram-se os transportes, mas sobre a quantidade de administradores da REFER, da CARRIS e do METRO e as pornográficas mordomias que auferem nem uma palavra. Imagino que não passarão incólumes,  mas é de anjinho não aproveitar para com uma mão lavar a outra!

É certo que quem dá uma olhada pelo Facebook, tem notado um aumento de apelos mais ou menos velados à violência nas ruas, tentando trazer para Portugal o que recentemente se passou noutros países, mas é mais uma vez de anjinho que o Primeiro Ministro se tenha referido a isso como o fez. É errado falar de fósforos quando começa a cheirar a gasolina! Estas coisas não se resolvem com palavras e seria mais correto já ter resolvido os problemas no SIS, que poderia dar uma ajuda no diagnóstico correto desse problema, se é que ele realmente existe e não são só palavras. E diz sabiamente o povo " para palavras loucas ouvidos moucos"!