segunda-feira, 25 de julho de 2011

Buraco negro

Colossal ou não a verdade é que mais uma vez o governo de Sócrates não estava a cumprir com o prometido, e de derrapagem em derrapagem caminharíamos rapidamente para, esse sim um buraco de onde dificilmente sairíamos.
 
Para quem no início do mandato tanto falou de trapalhadas, conseguiu meter-nos numa trapalhada, que não fosse a percepção de Passos Coelho, de que, de PEC em PEC o que se estava era a navegar à vista, sem  nenhuma visão de futuro, apenas ligando mais uma "bomba" quando o nível da água subia,  quando déssemos conta já seria tarde, o "navio" estaria a pique!  
Compreende-se o nervosismo de alguma comunicação social habituada a benesses que agora podem fugir, compreende-se  também que quando o governo está a actuar sobre a pressão de um programa com calendário apertado, não se dê conta de tudo e sobretudo não arranje tempo para explicar tudo explicadinho, como devia, pois são grandes os sacrifícios pedidos e os portugueses terão que compreender para apoiar, até porque "gato escaldado de água fria tem medo".
 
Não foram tão bem explicadas como deviam as isenções do imposto extraordinário, e é um facto que mais uma vez quem paga é a classe média, cada vez menor em Portugal. Só nos anos de governo de Sócrates o número de trabalhadores com o salário mínimo duplicou, duplicando também o número de portugueses no limiar da pobreza e este imposto prossegue nesse caminho. Também foi feita muita poeira desnecessária à volta do seu cálculo. Ainda está por explicar a aparente "inflação" de administradores no banco do estado, a CGD, sobretudo quando é sabido que há ramos de negócios que vão ser alienados ou privatizados, sendo pertinente perguntar se com menos negócios porquê mais administradores?
 
Também na educação se deixou fazer barulho demais à volta da avaliação de professores, nem sempre foram usadas as frases mais corretas e não se entende que a maioria dos professores tenham de passar a suas férias a preencher grelhas e relatórios sem qualquer utilidade prática. Podia ter-se arranjado uma solução mais pragmática.
Estão naturalmente em "banho de maria" as definições para o inicio do próximo ano lectivo, nomeadamente, a abertura de novos cursos, que são uma necessidade e se calhar não teria sido descabido adiar por 30 dias todos os procedimentos relativos ao próximo ano lectivo. Não morreria ninguém por isso e seria melhor do que deixar andar o barco quando tudo aponta para uma mudança significativa de rota.
 
Este governo não pode descurar que durante os últimos seis anos foi montada em toda a administração publica uma máquina hostil, que quanto mais não seja por instinto de sobrevivência tentará colocar o máximo de pedras na engrenagem até porque são por natureza alérgicos à mudança, ou porque não têm competência para a implementar, ou porque se julgam "donos" das múltiplas quintinhas que por esses ministérios e direcções proliferam.
 
É necessário ouvir as pessoas certas, a "acender" algumas luzes de alarme, para todos, governo incluído, visualizarmos o caminho mais curto para sair deste "buraco negro" em que, também por culpa própria, acabámos por cair.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Lixo

Mal tinha começado a governar, e quando se nota um toca a reunir em torno do Governo como há muito não se via, eis que uma agência de rating, a mando dos interesses americanos  para tentar defender um dólar em queda, que de mês para mês tem vindo a perder prestígio e cotação face ao euro, e uma economia americana que tarda em livrar-se dos interesses mafiosos de certos lobies e corre o risco de entrar em incumprimento, isto é, durante o mês de Agosto, se o alargamento do limite de endividamento não for aprovado por um congresso onde os democratas de Obama não têm maioria, o governo americano não terá dinheiro suficiente para honrar os seus compromissos financeiros, classificou a dívida portuguesa de lixo. Estranhamente, ou pelo contrário, apenas confirmando esta análise, afirmações subsequentes da S&P, a agência que mais mexe com os mercados, são de sentido contrario, considerando mesmo que Portugal vai conseguir cumprir e honrar os seus compromissos.

Um murro no estômago, como lhe chamou o primeiro ministro, pois esta classificação além de injusta nada tem a ver com Portugal ou com a forma como atualmente estamos a ser governados, mas com uma guerra sem quartel do dólar contra o euro, em que, tal como nas guerras convencionais se começam por atacar os flancos. O que seria de esperar é que apercebendo-se do perigo os "generais" mandassem imediatamente reforçar os flancos atacados, mas o que assistimos, apesar do apoio expresso do BCE, foi a um silêncio comprometedor e comprometido quer de Merkel  quer de Sarcozy, que terão deixado de cabelos em pé aos Senhores Delors e Cool, eles que com Mário Soares tanto fizeram para construir uma Europa unida que uma cambada de incapazes tende a deixar desacreditar e a desagregar.

Internamente nem o anuncio do corte de metade do subsídio de natal acabou com o estado de graça do governo, apesar da campanha de desinformação dos habituais mal dizentes, porque, que eu tenha ouvido, nunca Pedro Passos Coelho disse que não mexeria no subsidio de natal, mas confrontado com afirmações de que o PSD pensaria ACABAR com o 14º mês, classificou tal afirmação de um perfeito disparate. Acho que pode continuar a dizer o mesmo. Foi bonito como portugueses de todas as ideologias se reuniram à volta do governo numa ação concertada contra a Moody's a fazer lembrar a mobilização aquando da campanha pela independência de Timor. Com este espírito, que um governo bem construido soube criar em tão pouco tempo, nem as cretinisses da Sra Merkel, que esperemos não passe das próximas eleições alemãs, nem o seguidismo parolo do Sr. Sarcozy nos vencerão.

sábado, 2 de julho de 2011

Agora vamos trabalhar

Terminada a discussão do programa de  Governo, chegou a hora deste governo, em quem tantos portugueses confiam, começar a mostrar o que vale.
 
Gostei das declarações de intenção, nomeadamente dos ministros da Economia e da Educação mas notei o que vai ser o "calcanhar de aquiles" deste governo. Sem traquejo político vai por vezes falhar a comunicação, o explicar às pessoas as medidas tomadas ou a tomar, o jeito, que se aprende, para nas declarações sobre assuntos de que não existe a informação toda, deixar janela para no outro dia dizer quase o contrário sem correr o risco de se contradizer. Miguel Relvas poderá dar aqui uma ajuda preciosa.
 
Nos próximos tempos vamos assistir ao arrumar da casa, mas não esperemos milagres " Roma e Pavia não se fizeram num dia" . O  orçamento de estado para 2012 vai começar a ser preparado em Setembro/Outubro e como é óbvio vai continuar a ser muito restritivo.
 
Tenho esperança que já em 2012 se comecem a sentir os resultados de uma outra forma de fazer política. Recuso-me a acreditar que, depois das denúncias públicas que têm vindo a lume, Paulo Macedo não queira saber porque , dando só um pequenino exemplo, os hospitais compram mil agulhas e pagam 10€ a unidade, quando uma unidade da mesmíssima agulha comprada na farmácia custa 1€.  Que o Álvaro, como gosta que o tratem, não vá saber o que se passa com a Estamo e o polvo que parece existir à volta da alienação do nosso Património. O dinheiro que se vai poupar pondo fim ao enriquecimento ilícito que gravita na orbita das compras, adjudicações e alienações do Estado, dará uma boa margem para cumprir com tranquilidade a execução orçamental e o acordo com os nossos parceiros europeus.
 
Espero também que este governo não se esqueça de olhar para trás para as falhas do passado, e tirar daí os necessários ensinamentos, que se lembrem e ouçam Costa Freire, o secretário de estado de Leonor Beleza, e percebam o que acontece a quem se mete com os grandes interesses instalados, porque como é óbvio, e à falta de melhor, quando o governo começar a mexer no saco, todos os "gatos" vão sair assanhados, e então vamos ver todos os dias, esparramado na 1ª página dos jornais que o ministro X matou um pintassilgo quando andava na primária e que o secretário Y se esqueceu de pagar a licença do cão. Aliás a cena já começou com o Secretário de Estado da Cultura, veio dizer que os subsídios vão ter em conta as receitas de bilheteira, alguém já deve estar assustado.
 
As leis, normas e procedimentos existentes não permitem fazer uma gestão tipo privada da coisa pública mesmo que isso implique gastar o dobro e deixar portas escancaradas para toda a espécie de roubos e falcatruas, por isso aos governantes pede-se coragem para mudar leis, declarar o estado de sítio se a isso forem obrigados, mas por Deus salvem Portugal.