sexta-feira, 8 de julho de 2011

Lixo

Mal tinha começado a governar, e quando se nota um toca a reunir em torno do Governo como há muito não se via, eis que uma agência de rating, a mando dos interesses americanos  para tentar defender um dólar em queda, que de mês para mês tem vindo a perder prestígio e cotação face ao euro, e uma economia americana que tarda em livrar-se dos interesses mafiosos de certos lobies e corre o risco de entrar em incumprimento, isto é, durante o mês de Agosto, se o alargamento do limite de endividamento não for aprovado por um congresso onde os democratas de Obama não têm maioria, o governo americano não terá dinheiro suficiente para honrar os seus compromissos financeiros, classificou a dívida portuguesa de lixo. Estranhamente, ou pelo contrário, apenas confirmando esta análise, afirmações subsequentes da S&P, a agência que mais mexe com os mercados, são de sentido contrario, considerando mesmo que Portugal vai conseguir cumprir e honrar os seus compromissos.

Um murro no estômago, como lhe chamou o primeiro ministro, pois esta classificação além de injusta nada tem a ver com Portugal ou com a forma como atualmente estamos a ser governados, mas com uma guerra sem quartel do dólar contra o euro, em que, tal como nas guerras convencionais se começam por atacar os flancos. O que seria de esperar é que apercebendo-se do perigo os "generais" mandassem imediatamente reforçar os flancos atacados, mas o que assistimos, apesar do apoio expresso do BCE, foi a um silêncio comprometedor e comprometido quer de Merkel  quer de Sarcozy, que terão deixado de cabelos em pé aos Senhores Delors e Cool, eles que com Mário Soares tanto fizeram para construir uma Europa unida que uma cambada de incapazes tende a deixar desacreditar e a desagregar.

Internamente nem o anuncio do corte de metade do subsídio de natal acabou com o estado de graça do governo, apesar da campanha de desinformação dos habituais mal dizentes, porque, que eu tenha ouvido, nunca Pedro Passos Coelho disse que não mexeria no subsidio de natal, mas confrontado com afirmações de que o PSD pensaria ACABAR com o 14º mês, classificou tal afirmação de um perfeito disparate. Acho que pode continuar a dizer o mesmo. Foi bonito como portugueses de todas as ideologias se reuniram à volta do governo numa ação concertada contra a Moody's a fazer lembrar a mobilização aquando da campanha pela independência de Timor. Com este espírito, que um governo bem construido soube criar em tão pouco tempo, nem as cretinisses da Sra Merkel, que esperemos não passe das próximas eleições alemãs, nem o seguidismo parolo do Sr. Sarcozy nos vencerão.

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