sábado, 4 de fevereiro de 2012

O Governo da Esperança

"Não pergunte o que o seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país!" 
(J.F.Kennedy).

Seis meses e pouco depois da tomada de posse do actual governo é já notória a semelhança da sua actuação com a dos governos de Cavaco Silva, tidos por muitos como os melhores governos desde o 25 de Abril.

Esta actuação pautada pelo rigor, pela verdade e pela responsabilidade, quer estejamos a falar nos assuntos de política interna, quer e sobretudo na nossa politica externa, contrastam em absoluto com as politicas do facilitismo, a que se chamava dialogo, e dum total obscurantismo no assumir das responsabilidades quer internas, mas sobretudo as internacionais, levadas a cabo pelos socialistas Guterres e Sócrates.

É bom, pela primeira vez nos últimos 16 anos, ouvir insuspeitas vozes de analistas, especialistas e instituições internacionais elogiarem as políticas seguidas pelo Governo português, e para aqueles que acham que é subserviência fazer de "bom aluno" relembro que foi quando merecemos esse elogio da Europa que Portugal mais cresceu, que o desemprego estava a baixo da média europeia e que a classe média floresceu.

Os tempos são outros e hoje vivemos um tempo de vacas magras, mas ao governo, para reconquistar a credibilidade perdida não resta alternativa que cumprir escrupulosamente os tratados internacionais, e fazer-se ouvir nas instâncias comunitárias, para que se mude de política e se aposte no desenvolvimento como forma de ultrapassar a crise. Mas esta mudança de política, deixou de ser para o bem e para o mal, um desígnio nacional, pois nesta aldeia global deixámos de ter capacidade para a implementar, resta-nos pois delinear e rapidamente executar as reformas necessárias e fazermos tudo, mas mesmo tudo, para nessa inversão de marcha Europeia sermos mais um motor e nunca mais um travão, até porque pode haver da parte de alguns dos mais potentes motores deste navio europeu a tentação de mandar os travões borda fora.

São sinais positivos, que devem animar o governo na sua acção o facto de, apesar dos gravosos sacrifícios pedidos aos portugueses e do discurso nu e cru do governo sobre as dificuldades futuras, o acordo conseguido na Concertação Social, a ausência, ao contrário de outros países e apesar das provocações dos reaccionários do costume, de qualquer agitação social, e o tremendo fiasco que foi a ultima greve dos transportes.
 
Precisa o governo implementar medidas, nomeadamente substituindo algumas equipas de gestão das empresas públicas e alterando algumas leis tidas como tabu,  para que passe a ter consequências a adesão a greves políticas e de solidariedade, que num país com quase um milhão de desempregados são uma ofensa e uma provocação graves a quem procura e não encontra trabalho.


Na reforma administrativa, e a avaliar pela enorme pressão do lobbie autárquico teme-se, que não se consiga ir tão longe como devia, havendo quem defenda com alguma lógica que se devia pegar na proposta de reforma da Justiça e eliminar pelo menos os 47 municípios onde os tribunais a fechar se encontram sediados.
 
Sempre defendi a extinção, pura e simples do conceito de freguesia, com vantagens na prestação de serviços às populações, nomeadamente idosos e do interior sem acesso às comodidades das novas tecnologias; mas já que não se consegue ir por aí que pelo menos se alterem as competências das que ficarem, para que sejam obrigadas a fazer pelas suas populações, mais do que passar a licença do cão ou o atestado de pobreza.


Na Justiça, e na medida em que é difícil alterar a "cena" sem substituir alguns actores, tarda a substituição do PGR e do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, cujas recentes actuações os transformaram em figuras sinistras que contribuem fortemente para a desacreditação de um órgão de soberania de cujo  funcionamento depende em grande medida o progresso do país. É de estranhar a inacção do Sr. Presidente da República sobre esta e outras matérias fazendo por vezes lembrar as forças de bloqueio que quando primeiro ministro tanto o incomodavam. Já era tempo de aprender a aperceber-se do sentir dos portugueses e a tomar as iniciativas para que esse sentir tenha tradução nas politicas seguidas. Esperava-se uma maior colaboração com um governo com quem logicamente deveria estar quase sempre em sintonia, mas tal como esteve irritantemente inactivo quando o anterior governo levava o país para o abismo, mantém-se da mesma forma inactivo quando se esperava que ajudasse o governo a erguer o país, entretendo-se com o seu já conhecido jeito para a "gafe".

Na Defesa de realçar o desassombro do Ministro ao assumir que as Forças Armadas são insustentáveis nos moldes actuais, esperando-se o mesmo sentido de estado quando partir para a definição e implementação das reformas que as adeqúem às nossas necessidades e sobretudo às nossa possibilidades.

O Ministro Álvaro contrasta a sua notória dificuldade em dizer com a sua capacidade de decidir e fazer. Depois do acordo de Concertação Social espera-se uma revolução no sector dos transportes. Defendo o re-apostar no caminho de ferro, porque mais rápido e mais ecológico, não só no transporte de passageiros mas também de mercadorias. Necessária a reestruturação da CP e Refer por forma a conseguir preços competitivos.
O "barco" é enorme e os recursos diminutos mas com muita calma e descrição qb o super Ministro da Economia chegará a bom porto.

De salientar a necessária inflexibilidade de Vítor Gaspar, com bons resultados na negociação com o Dr. Alberto João Jardim e na solução justa dos pedidos de excepções para o corte dos subsídios. É assim que se ganha credibilidade e o respeito dos seus pares, nacionais e europeus. Já era tempo de deixarmos de ter o pior Ministro das Finanças da União.

Não se têm cansado os profetas da desgraça de tentar descredibilizar o governo e minorar os seus êxitos. Triste que algumas dessas vozes venham, como aliás já vem sendo hábito, de dentro do PSD. O pluralismo deveria ter limites, até porque alinhar pelo diapasão dos que não olham a meios na guerra contra o euro é para além de tudo um crime de lesa pátria que os portugueses não deixarão de julgar e punir. Nada garante que consigamos voltar aos mercados em 2013, mas se isso não depender de nós, porque até lá cumprimos tudo o acordado no memorando, teremos feito a nossa parte e teremos legitimidade para exigir que quem não fez o que lhe compete  se "chegue à frente".