terça-feira, 11 de outubro de 2011

Reforma Administrativa - Porquê Juntas de Freguesia?

A proposta do governo de reforma administrativa é uma proposta pouco ambiciosa, tanto que o Sr. Secretário de Estado confessa que a poupança será pouca ou nenhuma. Isto deve-se, entre outros, ao facto da experiência autárquica do Sr. Secretário de Estado, ter prevalecido sobre a sua formação em engenharia.

O pragmático engenheiro, facilmente teria concluído, que NÃO HÁ DINHEIRO e, tal como fez o seu colega da cultura, perguntaria qual a parte da frase que os autarcas não entenderam.

Juntas de Freguesia a fazer prédios em Coimbra!
  
Biblioteca!!! (alguém tem noção de quantas bibliotecas existem por km2 em Coimbra e da média de utilização?).
 
E vem um  Presidente de Junta, com o nosso dinheiro fazer mais uma biblioteca?
 
Há gente a passar fome em Portugal! Já alguém notou?
  
Uma Junta que tem um autocarro (comprado em leasing), e instalado nas suas instalações um cabeleireiro, …EM COIMBRA!!!!
  
Juntas com N funcionários, que se formos investigar todos têm uma ligação mais ou menos profunda a algum dos membros da Junta! Sabemos isto e quando NÃO HÁ DINHEIRO a ponto de termos que cortar nos meios auxiliares de diagnóstico, vamos continuar a pactuar?
  
PORQUÊ?

E depois vem o Sr. Secretário de Estado falar da desertificação do interior!?

E depois crucificamos o Dr. Alberto João Jardim?

As Juntas que não têm estes visionários, a maioria, ou não serve para nada, para além das tradicionais licenças de canídeo (colocam-se disponíveis no multibanco tal qual as licenças de caça numa semana!) e dos 3º mundistas atestados de residência e pobreza, havendo as, como a minha, que acham que estar abertas ao público 2 horas por semana, à hora de jantar, é suficiente, ou as que tendo recursos próprios que poderiam ser aproveitados para suprir outras necessidades básicas, fizeram piscinas e casas de cultura que um dia destes se verão obrigadas a transformar em caros lagos de peixes vermelhos e luxuosas “Sopas dos Pobres” !
  
Por isso e antecipando-me à troika, propus há cerca de 4 anos, no livro de reclamações e em correspondência enviada ao IGAT a extinção da minha freguesia, até porque existe a menos de 1 KM a sede de outra Junta a funcionar exactamente nos mesmos moldes. Somos um país rico!
  
Quando nos vamos deixar de bairrismos saloios? Num tempo em que é cada vez mais visível que se a UE, não tiver políticos com pragmatismo e competência para criar em definitivo os "Estados Unidos da Europa", o futuro de todos será  no mínimo muito sombrio. Quando Carla Bruni já se limpa a atoalhados portugueses, o Sistema Operativo do PDA onde lê os mails do Sr. Sarkozy, foi adaptado do Windows original em Portugal por portugueses e se quiser calçar os melhores sapatos europeus terão que ser portugueses, em vez de nos preocuparmos em aumentar indefinidamente esta lista, pois disso depende o nosso futuro como estado com importância decisiva na construção europeia, andamos preocupados em fazer um "elefante branco" maior para que a minha "paróquia" não fique atrás da do vizinho!
  
Depois ficamos todos zangados quando nos comparam aos gregos! É com atitudes e não com palavras que temos que marcar essa diferença!
 
Ainda gostava que os presidentes de câmara, o de Arganil por exemplo, que está preocupado com a possível extinção da freguesia do Piódão, porque fica a 20 km, me explicassem, retirando os famigerados e pouco credíveis atestados, em quê os habitantes locais ficariam prejudicados com a extinção. A verdade é que HOJE se um deles quiser rebocar o palheiro, ou a casa das batatas é obrigado a vir à câmara tirar a respectiva licença de obras! Nem isso se faz na Junta!
 
Não seria muito mais útil para as populações, (já que parece haver folga para manter o nível de serviço publico), aproveitando as sedes das Juntas (quase todas próprias como é normal num país rico!), e alguns funcionários que passariam a funcionários municipais, aproveitando a filosofia das lojas do cidadão e as potencialidades das novas tecnologias, substituir TODAS as Juntas por quiosques do cidadão, que para além de, na mesma filosofia das extintas extensões de centro de saúde, serem uma extensão da secretaria municipal evitando assim sim algumas deslocações à sede do concelho e simultaneamente, através da celebração de protocolos com CTT, EDP, CGD e outras empresas prestadoras de serviços públicos garantirem às populações, nomeadamente e sobretudo aos idosos, o acesso local a serviços que hoje lhes são inacessíveis incluindo o pagamento local das pensões?

A isto chamaria eu pensar primeiro nas pessoas.